Paulo Hayes

jan 31

Yoga ao longo do tempo

Este artigo refere a evolução da procura sobre yoga ao longo do tempo, em Portugal e entre os anos de 2004 até 2024, no Google e no Youtube. Além disso, inclui algumas considerações sobre a definição e a contextualização do yoga.

Introdução

O yoga, ou ioga na língua portuguesa após o acordo ortográfico, é uma prática mindbody de origem indiana. O yoga inclui várias disciplinas, nomeadamente a meditação, e existem aulas de yoga postural em Portugal desde finais da década 1960 ou início de 1970. Contudo, o yoga em Portugal deve ser compreendido além do seu aspecto mais popular: as aulas posturais. A verdade é que Fernando Pessoa traduziu um livro sobre yoga na década de 1920 e também nessa mesma década ocorreu o primeiro curso de yoga (raja yoga) em Lisboa. Portanto, na realidade as aulas de yoga não postural iniciaram em Portugal na década de 1920 com o curso de raja yoga ministrado pela Sociedade Teosófica de Lisboa. Além disso, encontramos referências ao yoga em revistas de finais do século XIX (boletim da Federação Espírita).

A ligação dos portugueses com os yogues remonta ao século XVI, no Malabar indiano. Goa foi uma colónia portuguesa durante 450 anos e existem inúmeros relatos que descrevem as práticas dos "jogues", os seus modos de vida, de vestir, de alimentação, etc.

O yoga foi aculturado em Portugal e no Ocidente, misturado com narrativas sobre a saúde, o bem-estar, o exercício físico, a imagem corporal, nas primeiras décadas do século XX. O yoga é hoje um fenómeno popular e as práticas posturais são praticadas em escolas, prisões, empresas, ginásios, associações culturais, etc.

Contextualizar para definir o yoga ao longo do tempo

O paradoxo contemporâneo mais interessante é a dificuldade em definir o que é o Yoga. Geralmente os profissionais e praticantes tendem a confundir a parte com o todo, quando se lhes pergunta uma definição das suas práticas. Como o Yoga é uma Cosmovisão, inclui ética, valores, reflexão e contemplação, ele deve ser contextualizado antes de ser definido. O tempo e o espaço do Yoga determinam a cultura onde ocorrem as práticas. Uma definição mínima de Yoga deve incluir os aspectos culturais embutidos nas práticas (por exemplo, a linguagem e as narrativas, as crenças, os costumes, a alimentação, os movimentos e as permanências do corpo, traje e antrolopogia dos espaços de prática).

Figura 1

Pesquisa da palavra "yoga" na página Google em Portugal: 2004-2024 (fonte: Google)

A figura 1 mostra a oscilação da pesquisa pela palavra "yoga" nos últimos 20 anos. A sinusóide revela que a procura não é igual ao longo do tempo, mas no ano de 2024 a procura é semelhante à do primeiro trimestre do ano de 2004. O Google é atualmente um dos principais motores de busca na internet em Portugal, com uma quota de mercado superior a 90%.

Pandemia Covid19 e o yoga on-line

Durante a pandemia a demanda por yoga foi essencialmente digital, uma vez que encerraram muitos centros e estúdios de yoga. Muitas pessoas passaram a consumir aulas de yoga nos dispositivos móveis e computadores, no Youtube e outras plataformas de vídeo como o canal Vimeo do IPYM.

A procura por yoga no Youtube disparou no segundo trimestre de 2020, logo após o início da pandemia, e estabilizou com níveis superiores ao período anterior à pandemia. O yoga online é um paradigma que veio para ficar já que a partir de 2012, com melhor infraestrutura tecnológica nos lares dos portugueses, os praticantes acedem facilmente aos conteúdos digitais síncronos e assíncronos, como as aulas de yoga e meditação na plataforma Yoga em Portugal.

Figura 2

Pesquisas da palavra "yoga" no Youtube em Portugal: 2008-2024 (fonte: Google)

A experiência do yoga ao longo do tempo: o online

O yoga online pode ser uma experiência bastante variada, dependendo da qualidade da internet, da plataforma utilizada e das preferências do praticante. Algumas das características comuns do yoga online são:

 

  • Acesso Remoto: O yoga online permite que as pessoas participem nas aulas de qualquer lugar com uma ligação à internet. Isso significa que os praticantes podem desfrutar das aulas no conforto de suas casas, em viagem ou em qualquer outro lugar com acesso à internet.

  • Variedade de Estilos e Níveis: As plataformas de yoga online oferecem uma ampla variedade de estilos de yoga, desde os mais tradicionais, como Haṭha e Vinyāsa, até estilos mais especializados, como yoga restaurativo ou Kuṇḍalinī. Além disso, há opções para todos os níveis de habilidade, desde iniciantes até praticantes avançados.

  • Aulas Gravadas e ao Vivo: Muitas plataformas de yoga online oferecem aulas gravadas que os praticantes podem aceder a qualquer momento, bem como aulas ao vivo, onde os instrutores conduzem a prática em tempo real, permitindo interação e feedback em tempo real.

  • Flexibilidade de Horário: Uma das vantagens do yoga online é a flexibilidade de horário. Os praticantes podem escolher a hora do dia que melhor se adapta à sua agenda e praticar quando for mais conveniente para eles.

  • Instrução Detalhada: Muitas aulas de yoga online incluem instruções detalhadas sobre posturas (āsanas), técnicas de respiração (prāṇāyāma) e meditação (dhyāna). Os instrutores muitas vezes fornecem orientações passo a passo para garantir que os praticantes realizam os movimentos de forma segura e eficaz.

  • Comunidade Online: Algumas plataformas de yoga online oferecem recursos para construir uma comunidade virtual de praticantes. Isso pode incluir fóruns de discussão, grupos sociais e oportunidades para interagir com instrutores e outros alunos.

  • Custo Variável: O custo do yoga online pode variar significativamente, dependendo do nível de serviços e do tipo de assinatura escolhido. Algumas plataformas oferecem aulas gratuitas, uma atividade não sustentável e geralmente com pouca qualidade, enquanto outras exigem uma assinatura mensal ou pagamento por aula.

 

Conclusão

Ao longo dos últimos 20 anos não existiu um incremento substancial na procura pela palavra "yoga" na pesquisa web do Google. Quanto à pesquisa sobre yoga no Youtube, nota-se um aumento substancial a partir de 2020 com a pandemia e que provavelmente duplicou na última década em Portugal.

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