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Paulo Hayes

Desforma(ta)ção de Yoga


Aula do curso de yoga

A verdade é que já perdemos o rastro do número de edições: também não é o mais importante. O curso iniciou em 2006 e ininterruptamente foi ministrado ao longo dos anos, em cidades como Lagoa, Portimão, Lisboa, Braga, Funchal, Tomar, no sistema intensivo, extensivo, residencial, presencial, online, b-learning. Numa altura em que o tema da regulamentação é muito presente (eu próprio submeti uma petição à Assembleia da República que seguiu a tramitação processual) e em que se começa a discutir sobre qual a carga horária para formar instrutores, não se encontram debates sobre a Pedagogia e as metodologias no ensino do yoga e sobre a importância da desformação enquanto processo formativo de novos instrutores. Regra geral, há pouco estudo depois da conclusão do grau de instrutor e o desconhecimento dos textos básicos das tradições de yoga revela muitas lacunas na oferta e na procura do conhecimento, mas também se revela em si mesmo um desinteresse generalizado pela formação contínua, que é estrutural, salvo algumas exceções. Ainda existem muitas facções na Ioga lusitana, o que não abona para a profissionalização nem para a expansão desta prática milenar que é uma filosofia prática de vida.

Embora a Certificação dos cursos seja importante, não constitui per si garantia de que é um bom curso e os conteúdos são relevantes e bem transmitidos. Qualquer certificação é uma formalidade necessária, incluindo a das Universidades. Sucede, no entanto, que o curso de instrutor de yoga da AETO não é o mesmo que era em 2006. Devido ao forte investimento no estudo, nas vertentes técnica e académica, e na investigação contínua realizada pelo corpo docente nos últimos 8 anos, temos refinado ainda mais os temas tradicionais e inserido novos conteúdos, cada vez mais importantes, como por exemplo, as problemáticas sobre a intersecção entre o yoga e o feminismo, a história e a cultura do yoga em Portugal, a Espiritualidade contemporânea no yoga, entre outras. Em jeito de retrospectiva, tem sido muito enriquecedor ensinar a aprender e aprender a ensinar durante estes últimos 16 anos. O Yoga é cultura imaterial da humanidade e o nosso esforço deveria passar por expurgar as ideologias do fitness, da beleza e da exploração da imagem do corpo da mulher, do capitalismo neoliberal, que mercantilizaram o yoga e aplicar as práticas e éticas nas classes sociais mais desfavorecidas: Nos sofredores e nos oprimidos pelo sistema patriarcal neoliberal.

Um bem haja a todos e boas práticas.

Namaste.



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