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Yoga 2.0 no Feminino


Abstrato: O estudo em perspetiva propõe subsídios que evidenciam a relação das práticas do yoga moderno com o desenvolvimento integral da mulher. As representações do yoga na modernidade, evidentes nas capas das revistas e nas redes sociais, são maioritariamente encabeçadas por mulheres de raça branca, flexíveis, da classe média-alta e com instrução superior. Tópicos sobre o feminismo, o corpo na sua relação com o sagrado e as práticas adotadas nos círculos de mulheres, incluindo técnicas de yoga, são referidos neste estudo. Acreditamos que o yoga pode contribuir para o empoderamento feminino, nomeadamente através dos benefícios que as práticas proporcionam ao corpo e mente. As entrevistas realizadas a feministas e praticantes de yoga, do mundo Lusófono, bem como a opinião de várias académicas e feministas do mundo Anglófono, reforçam a ideia do potencial do yoga como importante ferramenta na sustentação do movimento feminista.


Palavras Chave: yoga, feminismo, espiritualidade, empoderamento da mulher.

Introdução

O yoga na modernidade Ocidental reveste tonalidades essencialmente diferentes quando comparadas às antigas práticas yoguicas indianas. O yoga moderno postural assume-se hoje como um produto valioso para os consumidores modernos. A mudança de paradigma ocorre no início do século XX, em particular no período pós-Vivekananda (Alter, 2004; De Michelis, 2004; Goldberg, 2016; Singleton, 2010). A resinificação dos bens soteriológicos do yoga é evidente nas sociedades capitalistas Ocidentais. O kaivalya[1], finalidade do antigo yoga Patañjaliano, é substituído na modernidade pelo bem-estar físico e mental, pelo empoderamento individual dos praticantes, com fortes evidências da presença de ideologias neoliberais (Godrej, 2017). As práticas de yoga indiciam poder catalisador de modificações físicas, atuam ao nível de vários sistemas orgânicos. Segundo Kern, para além do corpo, as práticas de yoga favorecem modificações nas relações sociais. As práticas corporificam valores sociais e capital cultural (Kern, 2012).

Num estudo ainda não publicado[2], o autor lançou um questionário online a praticantes de yoga em Portugal. Concluiu-se que, na sequência de 1.054 respostas, 85,9% dos praticantes é do sexo feminino. Este resultado não é muito diferente dos valores encontrados em outros países Europeus e na América (Newcombe, 2007).

Neste trabalho propomos estudar a relação do yoga, na sua versão 2.0 ou moderna, como ferramenta para o desenvolvimento da mulher e das tradições feministas. O yoga moderno é essencialmente postural no mainstream e a representação na internet e no marketing social são encabeçadas por mulheres de raça branca, flexíveis, jovens e bonitas, de classe média-alta e com instrução superior[3]. Evidenciamos a temática da construção do feminismo, na relação com o corpo e com o sagrado, seus significados para as praticantes de yoga. Revisitamos os círculos de mulheres e suas práticas, que podem incluir posturas do yoga e meditação. Na parte final do nosso estudo, referimos alguns benefícios que as práticas de yoga proporcionam aos corpos femininos. O yoga pode suavizar a instabilidade derivada de situações de trauma e de exploração da mulher, podendo promover o empoderamento feminino. Entrevistamos mulheres praticantes de yoga, do mundo Lusófono, ligadas aos movimentos femininos. Expandimos horizontes ao tema proposto, através da inclusão da opinião de académicas e feministas do mundo Anglófono.


A transcendência começa no corpo

De acordo com Nevrin, a experiência corpórea deve ser equacionada no estudo do yoga moderno. Segundo o autor, “a requirement for fully understanding bodily experience is a problematization of the relationships between body techniques and the contexts within which these are performed and interpreted” (Nevrin, 2008: 119).

Há uma conexão evidente entre corpo e a espiritualidade contemporânea. Nesse sentido, o haṭha yoga emerge da filosofia tântrica Indiana que preconiza o corpo como espelho da estrutura macrocósmica ordenada. Por outro lado, no entender de Fields,

“yoga upholds a standard of human wellbeing – psychophysical and spiritual – that greatly expands our view of body, health, and human potential. The wholeness that is holiness, the liberation that is healing in its fundamental meaning, is the goal of yogic religious therapeutics”. (Fields, 2001, p. 94).

Concomitantemente, o corpo do ponto de vista do yoga clássico “concerns refining, disciplining, and utilizing the body/mind complex to make it a less obstructive factor and more suitable instrument for the spirit’s purer expression of itself (ibid.).

As práticas corporais do yoga têm objetivos soteriológicos e terapêuticos. A ocorrência de terapia no yoga envolve desenvolvimento pessoal. Segundo Hanegraaff, “personal growth can be understood as the shape religious salvation takes in the new age movement” (Hanegraaf, 1998, p. 46). De Michelis acrescenta que “…modern yoga came to be described more and more as an inward, privatized form of religion. Its association with emerging forms of alternative medicine developed accordingly” (De Michelis, 2004: 183).

Giordan afirma que a “redescoberta espiritual” do corpo foi suportada pelo feminismo. Diz-nos também que o yoga é percebido como uma prática espiritual, com potencial para o desenvolvimento corporal, incluindo o estabelecimento de pontes de ligação entre o praticante e a divindade (Giordan, 2009). Consequentemente, existem fortes indícios de que as modernas práticas físicas de yoga amplificam a terapêutica corporal e preconizem união do adepto à superestrutura ordenada do cosmos. Segundo o autor perspetivado, a espiritualidade poderá configurar um novo paradigma de legitimação daquilo que se considera como sagrado. A nova morada do sagrado – o próprio corpo -, está inegavelmente associada à sobreposição da espiritualidade em alguns dos domínios anteriormente ocupados pela religião. A dimensão institucional do relacionamento com o sagrado manifesta-se na categoria religião. Já a espiritualidade, porque parte integrante da experiência física pessoal, salienta o bem-estar e o desenvolvimento do self no pensamento moderno em conexão com o sagrado (ibid.).



Espiritualidades no Feminino

O paradigma do sagrado versus profano está ainda presente no feminismo. Llwellyn e Trzebiatowska afirmam que os feminismos seculares ignoram as experiências religiosas das mulheres e ainda encaram com muita reserva os estudos sobre a religiosidade feminina. Na revisitação das três vagas dos movimentos feministas concluem que o feminismo secular em vigor precisa de incorporar as experiencias religiosas da mulheres, sob pena de exclusão de algumas das identidades (Llewellyn & Trzebiatowska, 2013).

Existem diferentes possibilidades das práticas espirituais, incluindo o yoga, ajudarem as mulheres nos processos de envelhecimento. Por exemplo, Manning no seu estudo sobre o paganismo no feminino, diz-nos que: “these participants have found a spiritual path and pattern for living that enables them to embrace and celebrate their aging experience. They have found a way to avoid their internalizing of negative social labels as invisible, aging womam” (Manning, 2010).

Espiritualidade implica esforço interior e disciplina de vida. A viagem transformadora no feminino pode começar em qualquer idade. No caso de Moore, uma mulher Afroamericana, a decisão de abrir um estúdio de yoga surgiu já no período de aposentadoria. Mudar os preconceitos quanto ao envelhecimento feminino pode consistir numa tremenda mudança de vida. Segundo a autora, a prática de yoga pode ajudar nesse sentido (Moore, 2017).

Atualmente, na cultura popular yoguica, é comum designar-se por yoginī a mulher praticante de yoga. Mas nem sempre foi assim. Sucede que os termos ‘yoga’ e ‘yoginī’ não se relacionam antes do surgimento do tantra. No Vidyāpītha, as yamālas e as śakti-tantras, e, a partir do século V, as ḍākinis e as śākinīs relacionam-se com o yoga (Serbaeva, 2015).

Irina, nome ficcionado para preservarmos a identidade da nossa entrevistada, é mãe, bailarina, terapeuta e professora de yoga. Trabalha com cristais, terapia somática, yoga e dança, afirma-se como ‘mulher-medicina’ e facilita encontros de círculos de mulheres. Procura desenvolver um trabalho coerente, na sua opinião, que englobe as mulheres na relação com a terra viva, incluindo aspetos práticos dos relacionamentos e sob uma perspetiva comunitária.

A reunião na forma de círculo é frequentemente utilizada em encontros de mulheres. Questionada sobre o que são círculos de mulheres, a nossa entrevistada respondeu que o “círculo é uma estrutura não hierárquica onde todas estamos em pé de igualdade para ouvir e ser ouvidas, expressar a nossa verdade e ouvir a verdade das outras”. Segundo Irina, o círculo em si, é a mais ancestral estrutura de poder, a mais igualitária e a mais equilibrada. “No círculo ninguém nos empurra e ninguém está à nossa frente para que a sigamos”. O círculo é um lugar de irmandade e é um lugar que representa a própria ciclicidade feminina e a ciclicidade das estações da terra, das idades do ser humano. Por outro lado, o círculo também “representa o tempo, a estrutura da ordem como igualdade e como irmandade não apenas de mulher para mulher, mas de mulher para homem, de ser humano para animais, plantas e tudo”. Quanto às proximidades relacionais, Irina afirma que “o círculo é uma estrutura que permite à mulher olhar toda a gente e perceber que há pessoas que são mais próximas e outras mais distantes, mas que há um elo e assim é a vida: estamos todos e todas em relação”.

Julgamos pertinente o conhecimento sobre quais as práticas efetuadas nos círculos de mulheres. Irina afirma que depende de quem abre o círculo e da visão da orientadora. A abertura do círculo e os objetivos podem ser diferentes. Este pode ser “um círculo de bênção de um nascimento, um círculo de luto, de cura”. Parece, de facto, existirem muitas possibilidades do que pode acontecer num círculo. Tudo depende da visão filosófica e espiritual que o círculo determina para si. “Pode ser um culto à grande mãe ou ao sagrado masculino, a ambos ou à mãe natureza, um trabalho de desenvolvimento pessoal, um círculo de partilha, de trabalho artístico: é ilimitado o que se pode fazer em círculo”. Constata-se que o círculo tem objetivos de contracultura específicos. “A base do círculo é na verdade uma base para desconstrução da estrutura social piramidal da sociedade. Um círculo pode ter objetivo pessoal ou comunitário, dizendo respeito apenas às pessoas que dele fazem parte”. Paralelamente, o círculo pode ter um objetivo social mais alargado, pode ser “filosófico ou mesmo espiritual, político e pode também reunir todos esses objetivos na sua intenção e no trabalho que desenvolve”.

Ao questionarmos sobre o que é o feminismo, recebemos uma resposta ampla. Talvez a conceptualização de feminismo seja entendida como um algo polissémico ou em constante reestruturação. Para Irina, “cada mulher que subscreve o feminismo tem uma visão diferente e é isso que as enriquece: não procurar uma definição comum. O feminismo, como a ecologia, são filosofias onde se propõe que haja uma diversidade de pontos de vista e, de certa forma, uma instigação para a variedade de pontos de vista”. Por outro lado, sugere-se que a multiplicidade seja vista como enriquecedora pois “é nessa comunicação, em que se criam pontes entre locais opostos, que nos estabelecemos como pensadoras livres. O feminismo é variado, e corresponde a uma vontade de igualdade”. Para muitas mulheres não se trata apenas de igualdade de género. Trata-se também da “igualdade de género, mas de uma igualdade maior: entre idades, nacionalidades, religiões, estratos sociais, racial, eco sistémica”. Portanto, é uma vontade de igualdade e cooperação a todos os níveis. O movimento feminino pretende desconstruir estruturas de opressão, estruturas de abuso entre seres humanos e entre estes e a própria terra. E, sobretudo, também, entre a própria estrutura familiar. Para a nossa entrevistada, o feminismo corresponde a “uma vontade de retirar o abuso, de retirar a lógica do poder, e de despertar recursos do poder interior de variedade, de multiplicidade, de igualdade de oportunidades, de respeito e abertura pela diferença como algo que nos enriquece a todas”. O feminismo é uma vontade de equilíbrio, de justiça. “Todas nós aceitamos a oportunidade de igualdade de formas diferentes e não fazemos todas a mesma coisa, com as possibilidades que nos surgem na vida”.

Questionamos Irina sobre o que entende por ‘sagrado feminino’. A opinião da mesma é a de que se trata também de uma igualdade, mas a nível da espiritualidade. Primeiro, pretende-se “retirar a ideia de que a terra é uma ilusão ou de que a terra é o lugar do pecado, um lugar no qual temos de nos elevar e distanciar, como sendo temporário e por isso não real. Pelo contrário, a ideia a realçar é a de que a terra é a nossa mãe, é a casa, o sustento e caminho”. Perspetiva-se que o sagrado feminino se relaciona com a atitude profunda de honrar a vida que existe, entre o nascimento e a morte e entre a morte e os renascimentos. Segundo Irina, “são processos necessários, importantes e dignos, para a continuidade da vida. A vida é maior que a alma individual e todos fazemos parte da vida. Entende-se que no sagrado feminino não há separação entre terra e céu. O céu abraça a terra e o universo abraça a terra e o céu”. Corresponde, adiantamos nós, a uma perspetiva de união, de rede, de pertença e do entendimento que tudo é sagrado. E para muitas mulheres não é apenas o feminino, mas também o feminino com os seus “processos de sangue, de parto, de menstruação, de morte, sangue de dignidade que nos corre nas veias, tal como o rio corre sobre a terra”.

A reposição do sagrado feminino é essencial, segundo Irina, porque culturalmente existem séculos de obliteração da figura feminina na maioria das religiões. “Temos uma alienação do que é o feminino pleno. Honramos as deusas bonitas, mas esquecemos as deusas que são poderosas, as incoerentes, as intempestivas, as deusas intensas e as destrutivas. São todas facetas essenciais da psique e das forças da natureza”.

Durante a entrevista foi-nos transmitida a ideia de que todas essas forças são essenciais à própria vida. Há uma referência necessária à escuridão, como complementaridade à luz do sagrado. Subentende-se, segundo esta feminista, que a sacralidade abrange tudo e todos, incluindo a polarização solar e lunar.

Bela, nome fictício para preservarmos a identidade da nossa segunda entrevistada, é Brasileira e residente em Portugal, jornalista, ativista feminina e casada com outra mulher. Atualmente lidera círculos de mulheres e pratica yoga. Ao questionarmos sobre o que é o feminismo, Bela respondeu que se trata de “um entendimento sociopolítico que faz com que mulheres e homens busquem a igualdade social entre os gêneros”. Reconhece que existiram metamorfoses no paradigma. Atenda-se ao facto que o feminismo, enquanto fenômeno político se constitui “por vários movimentos, em diferentes épocas, tendo em comum a luta pelos direitos das mulheres e o combate ao machismo e à misoginia. As transformações nos movimentos feministas acontecem de acordo com as necessidades de cada época”.

Para Bela, os círculos de mulheres caracterizam-se pela “partilha de vivências entre as mulheres”. O ideal subjacente nos círculos é “fortalecer os laços de irmandade e normalmente acredita-se na dimensão espiritual do ser humano”. A valorização do feminismo, como força, simbologia e natureza, desemboca naquilo a que Bela designa por “sagrado feminino”. Embora concorde que a transcendência seja importante, o mais comum nos círculos de mulheres é a “dimensão corporal como fonte de autoconhecimento da mulher”. Nos círculos “abordam-se os ciclos menstruais, os órgãos femininos e podem existir meditações ou posturas de yoga”.

O ideal feminino consiste num “movimento e pensamento de resistência a essa ordem política de subalternização... um conjunto de modos de ver e mover-se para resistir e modificar o poder patriarcal (Diniz, 2015, p.51). Entende-se que o esforço feminista assenta na desconstrução de hierarquias de poder, há muito constituídas, e que são consideradas opressoras para a mulher moderna. A polarização ‘sexo-género’, feminismo pós-moderno e a interseccionalidade são conceitos que se vão metamorfoseando nos sucessivos avanços dos movimentos da mulher. O feminismo deve englobar as mulheres de cor, as mulheres das minorias étnicas, as mulheres oprimidas e exploradas e não apenas a mulher branca ocidental cisgénero. A questão do aborto, os direitos sociais, políticos, culturais e profissionais das mulheres, a sexualidade, a maternidade e a irmandade, são temas do feminismo contemporâneo.

Em Portugal, a primeira onda do movimento feminista relaciona-se com o republicanismo, a segunda onda com o antifascismo e a terceira onda decorre na atualidade (Santos, 2015). Pretende-se colocar mulher e homem em igualdade quanto aos direitos, acima referidos, e desconstruir a ideologia do ‘género’ como conceito universalmente aplicável às culturas mundiais.


Yoga 2.0 e a Mulher

Segundo De Michelis, as práticas do moderno yoga postural – MPY em Inglês - contêm elementos rituais de cura de religião secular, apresentam uma tipificação característica. O acesso experiencial ao sagrado, com o propósito oculto de conectar tradição e modernidade, profano e o sagrado, é facilitado pela fórmula popular ´do it yourself’. A autora diz-nos:

“The one to one-and-a-half hours of the standard MPY session is usually divided into three parts: (i) introdutory quietening time: arrival and settling in (about ten minutes); (ii) MPY practice proper: instruction in postural and breathing practice given by the instructor throught exemple, correction and explanation: (iii) final relaxation: pupils lye down in śavāsana (‘corpse pose’) for guided relaxation, possibly with elements of visualization or meditation (ten to twenty minutes). This period includes a short ‘coming back’ time at the end of relaxation session.” (De Michelis, 2004, p.251).



Questionamos Irina sobre como o yoga poderá ajudar, ou não, as mulheres. Segundo a nossa entrevistada, “depende do yoga e de como é ensinado, depende também das mulheres. Não acredito que haja uma coisa que seja igual para todas. A prática poderá fazer sentido para algumas mulheres e não para outras. Poderá fazer sentido em apenas algumas fases de vida e não em outras”. Ficamos, portanto, com a ideia de que dentro e fora dos círculos, algumas mulheres podem ou não acolher o yoga nas suas práticas. Para aquelas que sentem o chamado do yoga, a prática também poderá ser diferente. Irina entende a sua prática como um tipo de ‘yogaterapia com cristais’, em conjunto com técnicas e práticas das tradições femininas tântricas, em comunhão com o “xamanismo pré-védico”. Ficou por desenvolver, na nossa conversa, a relação entre xamanismo e religião védica.

Irina afirma que “o yoga ajuda a encontrar vias de meditação profunda que permitem trabalhar sobre as vivências e memórias somatizadas, fixadas na arquitetura do corpo”. Concomitantemente, é possível fazer uma resinificação da história pessoal, para viver com mais saúde física, emocional, mental, espiritual, e ainda “para estarmos em maior equilíbrio connosco mesmas. Esse equilíbrio inclui o sistema reprodutivo, a sexualidade, as relações em geral e a própria vida”.

Quanto à eventualidade de um yoga do tipo feminino, Irina subscreve a ideia de que existe de facto um yoga feminino. E acrescenta que “é um yoga que se apoia na conceção de que o corpo da mulher ciclicamente se modifica e, portanto, não nos apoiamos na ideia de praticar sempre as mesmas posturas ou sempre o mesmo tipo de prática”. Sugere-se, na entrevista, que a mulher tem ciclos mensais, “o tempo entre a ovulação e a menstruação e entre a menstruação e ovulação são trânsitos muito distintos para cada mulher”. Há ciclos de vida diferentes para mulheres diferentes. Por exemplo, “no pré parto, no pós-parto ou no caso da mulher que está prestes a dar à luz, a viver uma menopausa precoce, haverá necessidades diferentes de trabalho porque cada uma tem um corpo diferente”. Afirma-se que todos os corpos são potentes, “se soubermos o que cada um pode fazer, em vez de andarmos à procura do gesto ou da postura ideal”.

Perspetiva-se o relacionamento do corpo com a sua própria expressão e a forma do empoderamento feminino ou daquilo que, em última instância, “já lá está e só precisa de ser lapidado, com muito respeito pelo tempo e pela estrutura de cada mulher”.

A antiga prática espiritual do yoga indiano foi resinificada e adaptada às culturas modernas Ocidentais. Hoje o yoga é praticado por milhões de pessoas. O yoga tornou-se feminizado, quer na teoria quer nas práticas (Blaine, 2016).

A publicidade vertida nos media representa uma relação estereotipada com respeito ao corpo feminino. No entender de Blaine, “these advertisements market yoga not as a means of resisting sexism but as a mechanism for achieving the bodily perfection necessary to meet with male approval and access to men´s resources (id., p.130).

Os alongamentos do yoga, presentes nas imagens do Instagram e do facebook transmitem o paradigma da yoga girl. Corpos jovens, bonitos e flexíveis, atraem os olhares dos curiosos. Não admira que o yoga seja utilizado nos spots comerciais das grandes corporações internacionais. Essa representação serve o propósito de “fetishize consumption and the perfect white female body rather than offering an alternative to patriarchal consumer capitalism (ibid.). Segundo Blaine, o tecido empresarial Americano adota o yoga com o objetivo de aumentar a produtividade dos trabalhadores. Em vez de se modificarem as práticas empresariais competitivas, descarrega-se o stress em salas de executivos transformadas, durante algumas horas por semana, em estúdios de yoga. Concomitantemente o yoga, no meio empresarial Americano, promove os interesses capitalistas masculinos, ao invés de promover harmonia e bem-estar dos colaboradores (ibid.).

No estudo Embodiment through Purusha and Prakriti: Feminist yoga as a revolution from within, Mehta descreve o seu conceito de yoga feminista. O estudo realizado pela autora desenrola-se na cidade de Winnipeg, no Canadá. Começa por equacionar a problemática dos ajustamentos e do toque nas práticas posturais e defende uma abordagem feminista neste assunto. Em particular, o estudo é realizado com mulheres das minorias étnicas Canadianas. Muitas delas foram sujeitas a traumas, resultantes de choques civilizacionais ocorridos nas culturas autóctones em confronto com a modernidade capitalista, de pendor patriarcal. Defende a existência de racismo e apropriação cultural em muitos estúdios de yoga, além da promoção do ideal do corpo bonito. Propõe-se, portanto, uma abordagem feminina às práticas de yoga. De acordo com Mehta, a cosmovisão feminina do yoga implica terapia, desconstrução e transformação das injustiças sociais geradas pelas estruturas de opressão patriarcais. Relaciona-se o texto estrutural do yoga - o yoga sūtra de Patañjali -, com o desenvolvimento conceptual do yoga feminista (Mehta, 2016).

As aulas de yoga feminista podem contemplar particularidades relativas às fases da mulher, na gravidez por exemplo. É comum utilizar-se música no ritual de abertura da aula, alongamentos suaves, posturas, respirações e relaxamento. As mulheres podem rir, contar anedotas, conversar e praticar com a roupa do trabalho e do dia-a-dia. Adianta Mehta que o objetivo do yoga feminista, no seu caso, é o de aproximar mulheres de minorias étnicas traumatizadas pelos processos de colonização e choques culturais. A autora conclui que é imperativa a necessidade de mudança nas comunidades autóctones, em particular nas mulheres, vítimas dos processos “racistas e patriarcais” da colonização (ibid.).

Num outro estudo, Yoga as Embodied Feminist Praxis: trauma, healing, and community-based responses to violence, Beth Catlett e Mary Bunn exploram a prática do aṣṭāṅga yoga em populações femininas sujeitas a violência e trauma. De acordo com as autoras, o aṣṭāṅga yoga pode funcionar como ferramenta eficaz para debelar traumas e cicatrizar as feridas da consciência, além de se diminuir a violência e se incrementar o sentido de justiça social. Referem, em particular, as experiências efetuadas em dois programas de aṣṭāṅga yoga com jovens da cidade de New York e outro, com populações infetadas com HIV, do Ruanda. Neste contexto, as práticas feministas enfatizam a ética, a partilha e uma visão enformada de justiça social. O modelo da “liderança social” é, segundo as autoras, um fator que contribui para a eficácia dos programas baseados no yoga feminista (Catlett & Bunn, 2016).

Muitas praticantes de yoga sentem apelo à consciência ética de vida, em favor a si mesmas como parte integrante do desenvolvimento pessoal. Desenvolvem também autorreflexões ao nível das éticas comunitárias. O núcleo do yoga clássico é enformado por um conjunto de injunções e prescrições, yama e niyama, que supostamente favorece o respeito pela própria praticante e incrementa níveis de compaixão pela natureza que rodeia a yoginī. No entanto, derivações exacerbadas resultantes de objetivos capitalistas com consequente insuflação do ego, ao invés da expansão da consciência, conforme prescrita nos textos, ocorrem frequentemente no yoga coisificado das modernas sociedades ocidentais neoliberais.

Suzanne Newcombe, em Stretching for Health and Well-Being: Yoga and Women in Britain, 1960-1980, estuda as atividades do yoga numa perspetiva histórico-cultural, em particular no contexto feminino Inglês. Considera que o período do colonialismo a as consequentes trocas culturais, entre a Índia e o Ocidente, favoreceram o surgimento de uma tradição yoguica restruturada na modernidade. A opinião da autora é sustentada pelos trabalhos de Joseph Alter, Elisabeth de Michelis e Mark Singleton (Newcombe, 2007).

A segunda vaga feminina, segundo Newcombe, trouxe às mulheres Inglesas sentimentos de descontentamento e frustração devido à inexistência de uma identidade independente. Essas queixas refletiram-se, por diversas vezes, nos jornais Ingleses de yoga. Concomitantemente, as práticas de yoga eram apontadas como importante instrumento na resolução de problemas femininos específicos. As práticas de yoga, nessa altura, favoreceram a redução dos efeitos da ‘síndrome da dona-de-casa’ e permitiu que as mulheres suportassem as suas dificuldades de forma mais tranquila (id.).

Era costume nas décadas de 1960 e 1970, em Inglaterra, as mulheres participarem em cursos de atividade física com o intuito de melhorar a saúde, afirma Newcombe. Muitos dos exercícios praticados eram baseados em posturas de yoga. As várias viagens a Inglaterra, do experiente professor de yoga indiano BKS Iyengar, nesse período, favoreceram a divulgação das práticas yoguicas como possível disciplina a integrar na cultura popular feminina que, entretanto, promoviam a beleza e a saúde da mulher. Segundo a autora, as imagens de modelos femininos, utilizados para divulgar as práticas no meio Inglês, modificavam-se de acordo com o ideal corporal estereotipado pela sociedade da época. Essas imagens com modelos femininos, das capas das revistas de yoga, talvez tenham origem em outros tipos de publicidade onde surge uma mulher bonita que vende o produto de forma mais atrativa a audiências femininas, mas também ao público masculino (id.).

Beleza, jovialidade, bem-estar físico e mental, acompanhados da ideia que em qualquer idade se podem iniciar práticas de yoga, são alguns dos fatores decisivos que explicam a adesão feminina ao yoga. Acresce que a inexistência de ambiente competitivo nas classes, suportado por outras mulheres adeptas das práticas, permitiu que o yoga se tornasse numa ferramenta económica e eficaz na gestão dos ideais corporais femininos. Newcombe afirma que as mulheres procuravam algo com benefícios evidentes e imediatos, ao invés da busca pela transcendência ou de qualquer cosmovisão metafísica (id.).


Benefícios do yoga para a Mulher

Sucede que os movimentos femininos procuraram nas práticas de yoga uma ancoragem para formas alternativas do parto. Segundo Newcombe,

“The natural birth movement encouraged women to listen to their bodies during the labour process, and published images and exercises of alternatives positions that can ease the baby out during labour. Many of these had overlaps with yoga as taught at this time… yoga and active birth were linked in experience by many of the women staffing the natural birth center at the East-West Center near Old street in London…Involving a woman´s embodied subjective experience, yoga was a natural complement to the reproductive awareness of the birth movement” (id., p.56).


Técnicas respiratórias – prāṇāyāma – e mantra são outras das práticas yoguicas que podem beneficiar a mulher grávida. A respiração completa abdominal pode contrabalançar o facto de que, durante a gravidez, diminui a utilização da capacidade pulmonar. A otimização da respiração, através de exercícios respiratórios yoguicos, permite aumentar a energia e melhorar o humor da mulher. As respirações brahmāri e nāḍī śodhana facilitam o equilíbrio emocional ocorrido durante o período da gravidez (Dinsmore-Tuli, 2006).

Segundo Dinsmore-Tuli, a partir das quinze semanas a maioria dos bebés ouve sons. A repetição de determinados sons semente extroversores – bīja mantra -, é favorável porque a vibração sonora age como uma massagem benéfica para o bebé (id.).

Um estudo científico, realizado pela Yoga Biomedical Trust, comprova a eficácia do yoga nos transtornos causados pela menopausa. Outros estudos, como por exemplo, o do Instituto Médico da Mente e Corpo de Harvard, o da Universidade da Califórnia e o estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology, comprovam a eficácia das práticas do yoga na gestão de problemas causados pela menopausa em algumas mulheres (McCall, 2010). Outras investigações científicas indiciam o valor do yoga como benefício psicológico para mulheres, na fase pré-natal, em mulheres com cancro da mama (Danielly et al., 2017). São reportadas outras pesquisas, publicadas na PubMed/Medline e na CINAHL, sobre benefícios do yoga em diversos aspetos da saúde das mulheres, em particular os casos de menopausa, menstruação, gravidez de risco, síndrome de ovário policístico, SOP ou PCOS (Booth-LaForce, Taylor-Swanson, Nagarathna, & Chaku, 2016).


O panorama português

Ao longo deste trabalho, sustentamos os temas abordados através da citação de diversas autoras do mundo Lusófono e Anglófono. Não é nossa ideia desvalorizar outras mundivisões, porque desconhecemos ou porque talvez não caibam na dimensão reduzida do presente estudo. Os diversos artigos académicos, anteriormente referidos, revelam fortes evidências da importância do yoga como ferramenta no desenvolvimento dos movimentos femininos e afirmam a valorização das práticas na regulação do corpo da mulher.

Não é possível, em particular para o panorama nacional, citar autores Portugueses ou estrangeiros porque simplesmente desconhecemos a existência de tais estudos. Existem diversos livros e revistas sobre yoga publicadas no nosso país. No entanto, versam maioritariamente sobre aspetos da prática e teoria do yoga. Sem desprimor pela produção literária nacional, na área de estudos do yoga moderno, a maioria das obras disponíveis nas livrarias nacionais versam sobre posturas, yoga e desenvolvimento pessoal, benefícios das práticas, histórias transformacionais de carácter pessoal. Continuamos, no entanto, a desconhecer quantos praticantes existem no país, onde e porque se pratica yoga, como se caracterizam as diversas escolas Portuguesas de yoga. Inexistem, ao que sabemos, estudos sérios de base sociológica, antropológica e histórica, do yoga no nosso país. Ainda assim, nos últimos anos o yoga afirmou-se na sociedade Portuguesa sendo visível que existem cada vez mais locais onde decorrem práticas yoguicas.

O questionário online para praticantes de yoga, lançado no ano de 2018 e referido na página 3, revelou uma maioria significativa de mulheres nas práticas nacionais. As praticantes têm, no grupo mais expressivo, entre os 26 e os 45 anos de idade. As mulheres praticantes de yoga em Portugal possuem estudos superiores[4]. São trabalhadoras por conta de outrem e afirmaram auferir um salário[5] mensal inferior a mil euros. Consideramos, no entanto, que estas mulheres pertencem à classe média Portuguesa, tendo em conta os estudos, os rendimentos mensais e os locais de residência, maioritariamente nos grandes centros urbanos nacionais. No Alentejo, Algarve e Ilhas, existem poucas praticantes de yoga, comparando com a globalidade do território nacional.


A maioria das praticantes de yoga frequenta aulas uma a duas vezes por semana. Na nossa experiência de ensino do yoga, durante dezoito anos nos concelhos de Lisboa e Tomar, constatamos a mesma realidade: as mulheres, e também os homens, não são regulares na sua prática pessoal de yoga. Existem diversas explicações para a não regularidade: falta de tempo, interesse intermédio e consequente superficialidade, não se identificarem com as práticas propostas ou outras razões. Sucede que o valor mensal pago pelas praticantes de yoga não altera significativamente, quer optem por praticar duas ou cinco vezes por semana. Na maioria das situações, o livre trânsito para a prática, quando disponível em escolas de yoga ou através de professores freelance, tem um incremento mensal entre 5€ e 15€. Já nos ginásios o preço mensal costuma ser um valor fixo, dependendo apenas do período do dia em que ocorrem as práticas e da duração da fidelização contratual. Como a maioria das mulheres portuguesas praticantes de yoga frequenta apenas um local de prática, muito provavelmente esses espaços apresentam oferta reduzida quanto à possibilidade do número de aulas semanais.

As mulheres portuguesas procuram no yoga o mesmo que as suas congéneres Europeias e Norte-Americanas. Como o discurso moderno, associado ao yoga postural, se autorrepresenta em contexto da linguagem biomédica, os benefícios para corpo e mente são pretendidos pelas yoginī portuguesas. À semelhança dos outros países Ocidentais, aqui não se procuram quaisquer objetivos transcendentais ou metafísicos. Sucede, porém, que o ‘relaxamento da mente’ e a ‘espiritualidade’[6] são os objetivos mais procurados pelas praticantes de yoga em Portugal. Contrariando esta ideia evidencia-se o facto de 33,6% das inquiridas preferirem praticar posturas e apenas 14% preferirem a meditação. Ao cruzarmos as informações disponíveis, surgem-nos fortes evidências de que as praticantes Portuguesas preferem as posturas para relaxar a mente, ao invés da meditação, o que não deixa de ser curioso. A nossa experiência no ensino do yoga, incluindo práticas regulares e cursos de meditação, revela-nos precisamente a ideia de que as yoginī portuguesas não frequentam regularmente práticas meditativas. Quando perguntamos às praticantes o que é o yoga, 65,3% encararam o yoga como uma filosofia de vida e 13,9% como terapia alternativa. A ‘espiritualidade’ ficou na terceira posição. Concomitantemente, julgamos que será mais adequado o entendimento popular de ‘estilo de vida’ do que propriamente ‘filosofia de vida’, uma vez que se favorecem as posturas e a prática ocasional semanal. Neste inquérito não perguntamos às mulheres praticantes se são vegetarianas, se usam ou não malas e sapatos construídos com pele de animal, qual o envolvimento social derivado de projetos relacionados com yoga e como são aplicas na prática as éticas da ‘filosofia de vida’.

Embora as aulas práticas de yoga tenham surgido publicamente no ano de 1973[7], o yoga postural continua a ser o preferido nas suas diversas ramificações modernas.



Conclusão

Existe caminho para desbravar nos estudos do yoga. Enquanto que na Europa e nos Estados Unidos a oferta universitária é uma realidade há vários anos, em particular a existência de mestrados e doutoramentos, o nosso país continua na cauda Europeia quanto a esta matéria.

Embora tenham surgido diversas instituições com o intuito de promover aulas e cursos de yoga em Portugal, já na queda do regime fascista, na atualidade o pensamento crítico autorreflexivo permanece fora de algumas escolas do país. O yoga, coisificado na modernidade, é essencialmente postural e comercial. Mas nem sempre foi assim.

Há registos orais de práticas de meditação durante o antigo regime que infelizmente não foram reduzidos a escrito. Quando o yoga surgiu no Ocidente[8], as posturas não foram consideradas. O poeta Fernando Pessoa[9] fez referências a estados de meditação e de yoga em alguns dos seus poemas.

As mulheres foram precursoras do ensino do yoga no nosso país. Evidenciamos, neste estudo, tópicos sobre os movimentos femininos portugueses, nas suas diversas vagas, a relação entre a espiritualidade e o corpo, o yoga moderno e o desenvolvimento integral da mulher. Revisitamos os círculos de mulheres, através de duas entrevistas com mulheres facilitadores das dinâmicas em círculo e refletimos sobre as práticas de yoga e meditação que por vezes são sugeridas às participantes. O yoga, nos media e na internet, surge representado por imagens de mulheres, brancas, jovens e flexíveis. Para algumas autoras, há evidências de que o yoga moderno seja efeminizado, na teoria e na prática atual. Por outro lado, constatou-se que a apropriação do yoga em ambientes corporativos Norte-Americanos evidencia a utilização de uma cultura ancestral para fortalecer objetivos capitalistas patriarcais. Julgamos que as práticas de yoga podem reforçar o ideal do empoderamento feminino, porquanto os estudos científicos perspetivam benefícios das práticas para o corpo e mente da mulher moderna. O yoga emerge como ferramenta a considerar para a sustentação do movimento feminista.

Cabe às mulheres Portugueses, e de todo o mundo, utilizarem o yoga no seu sentido mais amplo do desenvolvimento espiritual, pessoal e de transformação coletiva. O ensino das técnicas e das éticas não deve ser descurado e a aplicação prática das últimas poderá contribuir para uma sociedade mais justa. O yoga clássico de Patañjali inclui a não violência - ahiṃsa-, pelo que este valor é importante no sentido de remover a opressão patriarcal, com a qual as mulheres se sentem injustiçadas e diminuídas. O reforço dos direitos da mulher, no aspeto social e fundamentalmente nos direitos políticos e nos salários, é importante para uma sociedade contemporânea mais equilibrada onde a justiça não seja apenas para alguns.


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Notas [1] A experiência de mokṣa ou o estado de transcendência, de acordo com o yoga clássico de Patañjali, que consiste na separação entre o puruṣa e a prakṛti, o espírito e a matéria. [2] Dissertação de mestrado de Paulo Hayes. [3] O questionário online, acima referido, indica 510 praticantes com licenciatura e 138 praticantes possuem como habilitação o grau de mestre. [4] Num universo de 1054 respondentes, 510 detêm uma licenciatura e 188 possuem o grau de mestre. [5] 605 respondentes, o que equivale a 57,4%. [6] 33,6% pretendem relaxar a mente e 28,7% têm como objetivo a espiritualidade. [7] O vice-presidente do Ginásio Club Português, Manuel Rodrigues, propôs o yoga como nova ‘modalidade desportivas na reunião da direção do ano 1973. O karaté, a musculação, o badminton, entre outras modalidades, foram também iniciadas nesse ano no club. Nas aulas que decorreram no primeiro ano de atividades, 1974/75, participaram trezentos e sessenta e três praticantes de yoga. Já no ano seguinte, as práticas de yoga congregaram trezentos e setenta e cinco praticantes. Consideramos, portanto, um número elevado de praticantes da nova modalidade, comparativamente com os praticantes do ballet, das artes marciais ou da musculação nesse mesmo ano. As práticas de yoga tiveram muita afluência nos primeiros anos. Maria Helena de Freitas Branco foi a primeira professora de yoga no nosso país. Seguiu-se Clotilde Ferreira e, mais tarde, outras mulheres. O género feminino foi pioneiro a ensinar yoga e nas iniciativas de divulgação em Portugal. [8] O livro Raja Yoga, de Vivekananda, foi a primeira obra sobre yoga publicada no Ocidente por um mestre Indiano. Enformado pelo pensamento filosófico neo-vedanta, pelo ocultismo Ocidental e teosofia de Blavatski, Swami Vivekananda não era adepto das posturas. Para expandir horizontes, vale a pena ler o clássico History of Modern Yoga de Elisabeth de Michelis, entre as páginas 51 e 140. [9] Vide Mota, P. (2016). A Caminho do Oriente: apontamentos de Pessoa sobre Teosofia e espiritualidades da Índia. Pessoa Plural — A Journal of Fernando Pessoa’s Studies, (9).


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